Maneira de Amar

Já perdi as contas de quantas vezes eu esperei você chegar. Entre ansiedade e esperança, a sua presença se misturava. Havia uma pureza em cada gesto, todos feitos para me fazer ficar à sua merce. Era incomum, mas talvez todo aquele jogo, aqueles olhares e frases inacabadas fossem o melhor que podíamos ter. 
Te observar entre aquelas pessoas, e virar o rosto para você não perceber, era meu jeito de amar. Eu tinha medo de perder isso. Sempre que me aproximo demais, algo dá errado. Então, estar ali, de longe olhando você não me parecia tão perigoso. E o mais bonito entre nós, é que eu nunca precisei ser alguém diferente, - Era assim, você me via assim como eu sou, de cabelo preso, sem maquiagem, toda tímida e desajeitada e você via através disso. E isso era o mais perto de que eu cheguei de alguém. E talvez seja tarde demais, mas algo em você me movia. Me fazia acreditar em algo diferente, você nunca me pertenceu, mas foi meu todas às vezes que tornou meu mundo um pouco melhor. E um dia espero que lembre de mim, não como uma garota qualquer, talvez nem com carinho, mas como alguém que te amou só por existir [...]

Busca

Sentei numa calçada qualquer, cansada da minha vida e sonhos destruídos, todas aquelas pessoas que passavam, nem notaram quantas lágrimas eu derramei sem chorar. Fiquei estática, olhando fixamente o nada. Todas aquelas conversas, barulhos não me distraiam. As nuvens ganhavam formas de segundos em segundos, pois os ventos estavam fortes e aquilo me chamou a atenção. Uma noite fria e cinzenta descreviam meu espírito. Ao sair de casa havia uma busca a se fazer... Mas não sabia o que procurava, nem se encontraria então, parar ali me pareceu uma boa opção. Pingos de chuva começaram a cair e como num sopro de sanidade cai em realidade.
Memórias de dias passados, como um filme antigo guardado e esquecido começaram a rodar, aquele sentimento de saudade misturado com tristeza invadiu meu coração. Tanto tempo se passou e me senti abandonada como aquelas memórias. Haviam tantas feridas em mim que já não me reconhecia, existia uma estranha vivendo em meu corpo, uma estranha fria, sombria e sozinha.

O desejo de alguém aparecer e me salvar no terceiro ato era desesperador. Talvez eu o convidasse a se sentar e desfrutar do meu momento sombrio, ou ele apenas cedesse seu ombro, ouvi dizer que ombros são de grande valia no mundo da esperança. Talvez ele me tirasse desse chão frio e me levasse para um lugar longe... E aquecesse minha ideia de não estar mais sozinha.
A noite foi ficando cada vez mais escura e toda minha analogia fez sentido naquele momento. As vozes foram ficando cada vez mais longe, meus pensamentos começaram a me perturbar, a tempestade começara a cair, fiquei sob ela na esperança de acordar daquele pesadelo. As luzes das casas foram se apagando, as pessoas sumiam da minha vista, percebi que não importava o quão demorasse a sair dali, ninguém iria me salvar.
Devagar sem muitas forças e molhada pela chuva, levantei daquela calçada e caminhei de volta para casa, olhei novamente para o céu, as nuvens sumiram, havia somente estrelas, talvez fosse uma resposta as minhas preces.
Continuo buscando algo, um caminho, um motivo... Mas até lá minha alma terá que esperar.

Por você.

Estrelas lá no céu 
Frias como minha alma solitária. 
Procurando o caminho de volta. 
Há uma barreira entre nós. 
Não consigo dar a mão a você. 

Não deveria tê-lo deixado ir.
E esta noite fria,
Ninguém nesta estrada.
Não posso mais viver sem você
Será que se lembraria do meu rosto,
Tocaria sua mão suavemente sobre ele,
Tentando afastar estas lágrimas por você.
Este mundo fica cada vez mais insuportável
Quando lembro a distância que nos foi imposta.
Ouço seus sussurros em meus sonhos atormentados.
Queria poder ir com você,
Sentar ao seu lado,
Ouvir outra vez sua voz...
E essa ferida do adeus ainda lateja em mim.
Deixe-me descansar,
Deitar em seu ombro e esquecer que não mais poderei ver sua face de novo,
Quero sentir esta imaginária e solene presença através dos anos.
E de todos os sentimentos o único que permaneceu comigo foi aquela paz silenciosa.
Ela se vestiu de dor quando a escuridão do adeus sentou ao meu lado. 

E toda às vezes em que visitar meus sonhos traga aquela paz sempre com você...

Me aqueça com as lembranças, abraça-me com o vento.

Seque estas lágrimas e envolva-me num sono profundo.

E estaremos sempre juntos pela eternidade...

Sentimento Clandestino

Sinto falta de você me ligar umas dez vezes ao dia, de você falar comigo até dormir, de começar meu dia com você... Esperava ansiosamente você me mandar uma mensagem dizendo que chegou e ficar horas e horas papeando sobre um assunto qualquer, só porque nenhum de nós abríamos mão da companhia um do outro. Sinto falta de quando me dizia que era fácil se apaixonar por mim, de ouvir sua voz ao telefone. Sinto falta quando me dizia que sentia minha falta. 
Eu sinto falta talvez de algo que não existiu, pois com o tempo parece que eu vivi um sonho, pois mesmo falando com você eu sinto outra pessoa em seu lugar. Mas se eu pudesse eu voltaria nesse sonho, pois talvez você não saiba mas aquilo era a minha forma clandestina de ser feliz, quando eu estava mal sua presença me acalmava. Espero que existam vestígios daquele garoto em você, pois meu coração foi dele e secretamente sempre será.

O que faltava em mim.

Havia acabado de chegar em casa, um sorriso bobo no rosto e as lembranças da noite passada adormeceram comigo. Meu sono foi leve, me senti em paz. O sol brilhava um pouco mais quando acordei, finalmente tudo estava perfeito. Aquelas palavras doces não saiam da minha cabeça. Havia traços de tranquilidade quando sua imagem me visitava aleatoriamente enquanto eu escutava minha música favorita. 
E pela primeira vez em muito tempo minha alma repousava em outra, não havia mais espera nem procura, eu finalmente o tinha encontrado.

E se você não fizesse parte do meu mundo, provavelmente ele deixaria de existir [...]

Não me parece justo você não ser meu... Você é uma parte minha que nunca quis deixar pra trás [...]